Ataques israelenses encurralam liderança do Irã 1l2h11
Israel destruiu a liderança nuclear e militar do Irã com ataques aéreos que deixam Teerã enfraquecida e com poucas opções de retaliação, incluindo uma guerra total para a qual não está equipada e nem tem probabilidade de vencer, disseram quatro autoridades regionais. 5n1a3
Os ataques noturnos de Israel -- repetidos pela segunda noite nesta sexta-feira -- elevaram o confronto entre os arqui-inimigos a um nível sem precedentes, após anos de guerra nas sombras que se tornou pública quando o Hamas, aliado do Irã, atacou Israel em 2023.
Fontes de segurança regionais disseram que era improvável que Teerã pudesse responder com ataques igualmente eficazes porque suas capacidades de mísseis e rede militar na região foram severamente degradadas por Israel desde os ataques do Hamas que desencadearam a atual guerra em Gaza.
A agência de notícias estatal IRNA disse que o Irã lançou centenas de mísseis balísticos contra Israel nesta sexta-feira em retaliação. Mas o Exército israelense disse que o número de mísseis era inferior a 100 e que a maioria foi interceptada ou não atingiu o alvo. Não houve registro imediato de vítimas.
Fontes de segurança regionais avaliam que os líderes do Irã, humilhados e cada vez mais preocupados com sua própria sobrevivência, não podem se dar ao luxo de parecerem fracos diante da pressão militar israelense, aumentando a perspectiva de uma nova escalada -- incluindo ataques secretos a Israel ou até mesmo a perigosa opção de tentar construir rapidamente uma bomba nuclear.
"Eles não conseguirão sobreviver se renderem", disse Mohanad Hage Ali, do Carnegie Middle East Center, um think tank em Beirute.
"Eles precisam atacar com força contra Israel, mas suas opções são limitadas. Acho que sua próxima opção é retirar-se do Tratado de Não Proliferação Nuclear."
A retirada do TNP seria uma escalada séria, pois sinalizaria que o Irã está acelerando seu programa de enriquecimento para produzir urânio de grau militar para uma bomba nuclear, afirmam especialistas.
A liderança do Irã não confirmou se vai participar de uma sexta rodada de negociações ainda sem resultado com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, prevista para domingo em Omã.
A influência regional de Teerã foi enfraquecida pelos ataques de Israel contra seus aliados -- do Hamas, em Gaza, ao Hezbollah, no Líbano, além dos Houthis, no Iêmen, e das milícias no Iraque -- assim como pela expulsão do aliado próximo do Irã, o ditador sírio Bashar al-Assad.
Sanções ocidentais também atingiram as exportações cruciais de petróleo do Irã e a economia a por uma série de crises, incluindo o colapso da moeda e a inflação galopante, além da escassez de energia e de água.
"Eles não podem retaliar por meio de ninguém. Os israelenses estão desmantelando o império iraniano peça por peça, pouco a pouco... e agora começaram a semear dúvidas internas sobre (a invencibilidade do) regime", disse Sarkis Naoum, especialista regional. "Esse é um grande golpe."
O Ministério das Relações Exteriores do Irã não respondeu aos pedidos de comentários.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, adotou tom desafiador nesta sexta-feira, dizendo que Israel havia iniciado uma guerra e sofreria "um destino amargo".
OPÇÃO NUCLEAR
Abdelaziz al-Sager, diretor do think-tank Gulf Research Center, disse que o Irã foi encurralado em um canto com opções limitadas.
Uma possibilidade seria oferecer garantias -- em particular -- de que abandonará o enriquecimento de urânio e desmantelará suas capacidades nucleares, já que qualquer declaração pública de tal capitulação provavelmente provocaria uma feroz reação interna.
Segundo ele, outra opção poderia envolver um retorno à guerra clandestina, lembrando os bombardeios dos anos 80 contra embaixadas e instalações militares dos EUA e de Israel.
Uma terceira opção, muito mais perigosa, seria retirar-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e acelerar seu programa de enriquecimento de urânio.
Essa medida, alertou al-Sager, seria equivalente a uma declaração de guerra e quase certamente provocaria uma forte resposta internacional -- não apenas de Israel, mas também dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais.
Trump ameaçou uma ação militar para garantir que o Irã não obtenha uma arma atômica. Ele reiterou a posição na quinta-feira, dizendo: "O Irã deve desistir completamente das esperanças de obter uma arma nuclear".
Atualmente, o Irã está enriquecendo urânio com até 60% de pureza, próximo dos cerca de 90% necessários para a fabricação de armas nucleares. O Irã tem material suficiente nesse nível, se processado ainda mais, para nove bombas nucleares, de acordo com um parâmetro do órgão de vigilância nuclear da ONU.
